terça-feira, 24 de novembro de 2009

ENFOQUE SISTÊMICO OU SISTEMISMO (METODOLOGIA CIENTÍFICA)

(Do livro SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO - 3a. Edição - Edson Paim e Rosalda Paim)


O enfoque sistêmico ou Sistemismo é a percepção da realidade, ou de alguns de seus aspectos, através da perspectiva da Teoria Geral dos Sistemas (TGS), de Lwidg von Bertalanffy1.

O enfoque sistêmico é, também, designado como visão sistêmica, perspectiva sistêmica, abordagem sistêmica ou ainda, concepção sistêmica e constitui uma maneira peculiar, abrangente, globalísta, integrativa, sintética, holística, de abordar, perceber e estudar a realidade, bem como nela intervir.

Esta abordagem, alicerçada na TGS, enfatiza, ainda, as relações entre as partes do todo, ressalta os pontos de decisão e o fluxo de informações do sistema, a integração e interação entre os subsistemas e cuida de prover informações necessárias ao processo.

Este enfoque enfatiza a idéia de totalidade, globalização, abrangência, integralidade, universalidade, síntese e de inter-relacionamento das partes componentes do sistema em estudo.

A abordagem sistêmica (Sistemismo), por si só, já permitiria um enfoque abarcante e integrativo de qualquer sistema em estudo.

Mas, com o propósito de enfatizar, não apenas, as inter-relações intra-sistema (intersubsistemas), mas também as relações de trocas entre o sistema e seus arredores ou ambiente (ecossistema) e, as conseqüentes influências do ambiente no sistema e, vice-versa, os autores resolveram abordá-los, simultaneamente - o sistema e o ambiente - mediante os postulados da Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo).

Para Mário Chaves2, “como conseqüência do crescente volume de conhecimentos e da necessidade do uso de métodos e aparelhos cada vez mais complicados, para a indagação da natureza, o cientista se especializa, a ciência se divide e subdivide. Dos três grandes ramos: ciências físicas, biológicas e sociais surgiram várias ciências componentes: a física, a química, a geologia, a biologia, a psicologia, a sociologia etc. As ciências componentes se subdividiram.
As resultantes tornaram-se a subdividir. Ou agruparam-se umas com as outras: a físico-química, a bioquímica, a psicologia social, a economia política.
O especialista se especializa: o bioquímico de esteróides, o fisiologista renal, etc. Análise e síntese caminham sempre juntas. O progresso da análise cria a necessidade da síntese.
Assim também o avanço do especialismo na ciência gerou a necessidade de teorias holísticas, abrangendo todas as ciências, isto é, englobando todas as ciências. Uma das tais ciências é a “teoria geral dos sistemas”, proposta por Bertalanffy, como doutrina universal de integração (wholeness) e organização.
Buscou Bertalanffy, um biólogo, analisar o que as várias ciências têm em comum, a fim de encontrar princípios gerais aplicáveis a todas.
Observou ele que certas relações como as expressas pela curva exponencial, pela lei dos dividendos decrescentes, são universais, aplicáveis na explicação de fatos do mundo físico, do mundo biológico e do mundo social.
Com pequena anterioridade sobre Bertalanffy, um matemático, Wiener, havia também desenvolvido uma ciência de ciências, a Cibernética, destinada a explicar o problema de controle e comunicações na máquina, no homem e na sociedade”.

A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) surgiu como uma teoria de abrangência, de globalização, de totalidade, de síntese, de integração, de universalidade.

Roberto Mangabeira Unger3 ao se referir à unificação das ciências, e particularmente, à unidade das ciências culturais, expressa: “duas concepções foram pressupostas: uma, a da ciência cultural, outra, a da unidade de todas as ciências culturais. Se aqui se fala em ciências da cultura, é que só o conceito do cultural pode fundamentar a unidade das ciências humanas, revelando-lhes a natureza específica.
...Temos paralelamente, insistido na unidade das ciências culturais. Esta unidade se apresenta tanto como um ideal, quanto como realidade em surgimento. Como ideal, ela radica numa exigência geral da unificação progressiva da visão científica do mundo e, noutra específica que resulta da própria unidade do fenômeno cultural como fenômeno de valor. Mas a unidade cultural já é, …uma realidade em vir-a-ser.”

A TGS corresponde a um esforço no sentido da integração das ciências em um corpo de doutrina unitária, comum e coerente, almejando tornar-se uma ciência das ciências e, mesmo, a ciência das ciências, tendo sido considerada por alguns autores como tal, contribuindo no sentido da concretização do sonho de Descartes sobre a unicidade da ciência.

Um problema fundamental da ciência contemporânea é o da teoria geral da organização। Em principio, a teoria geral dos sistemas é capaz de dar definições exatas desses conceitos e, nos casos adequados, submetê-los à análise quantitativa 4".

A influência da Teoria Geral dos Sistemas - uma meta-teoria - e do enfoque sistêmico é, atualmente, muito generalizada.

A própria definição de Teoria, (segundo Th & Th)5 se harmoniza com a idéia de sistema, pois enfatiza as interrelações, como se vê:

“Teoria é o conjunto de princípios e definições inter-relacionadas que servem conceitualmente, para organizar, de um modo sistemático, aspectos relacionados do mundo empírico".

Tal definição enfatiza a idéias de conjunto, de relação, de sistematização, constituindo na realidade, uma definição sistêmica de teoria, ao tornar claro que o conceito de teoria corresponde, sobretudo, ao de um sistema teórico.

O grande poder de síntese da Teoria Geral dos Sistemas, torna-se evidente, ao permitir O relacionamento de tudo que existe no Universo em, apenas, quatro linhas de sistemas:

- um sistema físico que vai do átomo ao Universo físico;

- um sistema biológico - desde o vírus até ao homem;

- um sistema social - a partir da família até a sociedade planetária;

- um sistema tecnológico - iniciando com a flecha (ou outro instrumento ainda mais primitivo) para se chegar ao computador, como propõe Bertalanffy, mas nós podemos substituir este termo por complexas usinas computadorizadas ou mesmo, por engenhos espaciais.

A seguir, apresentaremos algumas definições de sistema:

Sistema é “um todo complexo e organizado; uma reunião de coisas ou partes formando um todo unitário e complexo6”.

“O todo é algo mais que o simples somatório das partes, pois envolve, necessariamente, todas as relações entre seus componentes7". Uma característica fundamental dos sistemas é a relação existente entre suas partes constituintes, possuindo aspectos que não são inerentes a cada um dos seus componentes, considerados isoladamente. O todo é, pois, constituído das partes integrantes do sistema, acrescidas das relações entre elas. O sistema se constitui de um todo complexo, organizado e inter-relacionado que é, também, algo mais que o mero somatório dos seus elementos constituintes, devendo englobar, sobretudo, as relações existentes entre todos os seus componentes.

Sistema es algo que se distingue del ambiente o de sus alrededores, que está fuera de equilibrio y que reconocemos como distinto del ambiente. Son ejemplos de sistemas, los átomos, los elementos, los compuestos orgánicos, los compuestos inorgánicos, las células, los organismos pluricelulares, la sociedad de los seres humanos, los planetas, el sistema solar, las galaxias y el universo.8”

“Um sistema é um conjunto de objetos junto com as relações entre os objetos e seus atributos.9”

“La naturaleza puede estudiarse por medio de nuestra elección arbitraria de cualquier porción de materia de universo; esto le llamamos un sistema... Un sistema cualquier más sus alrededores, es igual a la totalidad del universo.10”

Sistema é “qualquer agregado reconhecível e delimitado de elementos distintos que estejam de alguma forma interligados e interdependentes e que continuem a operar juntos de acordo com certas leis e de tal forma a produzir algum efeito total característico.

Um sistema, em outras palavras, é algo relacionado com algum tipo de atividade e dotado de uma certa integração ou unidade; um sistema particular pode ser reconhecido como distinto de outros sistemas com os quais, no entanto, pode estar dinamicamente relacionado. Os sistemas podem ser complexos, podem estar formados por subsistemas interdependentes, os quais, por sua vez, embora com menos autonomia do que o agregado total, podem ser diretamente distinguidos durante as operações11”.

A idéia de sistema dá uma conotação de plano, método, ordem, arranjo. O antônimo de sistema é caos. …O conceito de sistema involucra o de lei e o de efeito, de resultado. O conceito de sistema é, por conseguinte, um conceito dinâmico12. A noção de sistema envolve, além da idéia de totalidade, encerra a de processo, de movimento e mudança, aspectos que são compartilhados com a Cibernética e com a própria Dialética. A Cibernética, sobretudo, contém no seu bojo a idéia de movimento, de processo e de mudança e, por ser integrante da TGS, potencializa as características dinâmicas desta ciência, mormente face ao seu mecanismo de regulação e controle (“feedback”) que constitui seu apanágio e, ao emprestar ao Sistemismo tal atributo, amplia o seu campo de ação e sua fecundidade, reforçando suas características dialéticas, como veremos em capítulos seguintes. Os sistemas cibernéticos são sistemas abertos, dotados de dispositivos automáticos de regulação ou de retroalimentação (“feedback”), reajustando-se às circunstâncias através desse mecanismo. Um sistema aberto é aquele que tem interação com seu ecossistema. A interação entre o sistema e o respectivo ambiente é efetuada através de trocas. Este intercâmbio pode ser sintetizado como “trocas de matéria, energia e informações”. Excetuado o Universo, o qual consiste num sistema fechado, todos os sistemas, nele existentes, são abertos, uma vez que, através dos quais, ocorrem fluxos de matéria, energia e informações. “Embora a palavra sistema tenha sido definida de muitas maneiras, todos os definidores estão de acordo que um sistema é um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de finalidades. Um animal, por exemplo, é um sistema, maravilhosamente construído, com muitas partes diferentes que contribuem de várias maneiras para a sustentação de sua vida, para seu tipo reprodutivo e suas atividades. 13” Um sistema corresponde à idéia de conjunto de partes, de inter-relações e interdependência destas, além de encerrar um objetivo, propósito, finalidade. “Os sistemas são constituídos de conjuntos de componentes que atuam juntos na execução do objetivo global”. O enfoque sistêmico é simplesmente um modo de pensar a respeito dos sistemas totais e seus componentes. Todo ser vivo pode ser considerado como um sistema. A característica vida nos permite colocá-lo na linha dos sistemas biológicos. A vida está inserida num meio físico, num meio não vida, a natureza. Um organismo vivo, como sistema biológico, está inscrito num sistema maior, o ecossistema. O ser vive em função do ecossistema e, enquanto as condições deste permitirem a sobrevivência do ser. Ultrapassadas as condições, o ser morre e sua substância passa a integrar a natureza do ecossistema. O fenômeno vida de um ser é, pois um episódio temporário no ecossistema. …Nos sistemas mais complexos, a diferenciação filogenética, operando em uma dimensão de milhões de anos, produziu sistemas orgânicos de extrema complexidade, com uma grande divisão de trabalho entre subsistemas, tal como o que se pode observar nas espécies animais atuais.l4” Todo sistema é formado por um conjunto de subsistemas, o qual, por sua vez, é constituído por um agregado de subsubsistemas. Um sistema, da mesma natureza e de maior amplitude, no qual o sistema em estudo está contido é o seu metassistema. “Um sistema (todo) é composto de elementos (partes). Ao conceber um sistema, entretanto, é necessário incluir mais atributos: o conjunto de relações que ligam entre si os elementos do sistema, e o conjunto de atividades desses elementos. Isto porque é importante que se tenha em mente que um sistema implica, a existência de um processo operacional global, e não meramente uma coleção de partes ou elementos justapostos de uma maneira qualquer. Portanto, a consideração de um sistema implica, sempre (e simultaneamente), a consideração de três conjuntos: o conjunto de elementos que compõem o sistema, o conjunto de relações desses elementos entre si e o conjunto de suas atividades (efetivas ou potenciais) 15”. O Estruturalismo também enfatiza a idéia de sistema e de relações entre os elementos integrantes de uma estrutura, havendo, portanto, um parentesco próximo entre o Sistemismo e o Estruturalismo. A avaliação dos resultados possibilita o controle ou reajuste do sistema, bem como do seu processo, através do mecanismo de retroação (“feedback”), atributo fundamental da Cibernética, compartilhado pela Teoria Geral dos Sistemas, uma vez que a Cibernética é considerada integrante desta teoria.“Constantemente é a teoria dos sistemas identificada com a cibernética e a teoria do controle, o que é incorreto. A cibernética, enquanto teoria dos mecanismos de controle na tecnologia e na natureza, fundamentada nos conceitos de informação e retroação, é simplesmente uma parte da teoria geral dos sistemas. Os sistemas cibernéticos representam um caso particular, embora importante, dos sistemas que apresentam auto regulação16”.
"A retroação é a volta do efeito (saída) sobre a causa (entrada). Se os resultados não são condizentes com os esperados, isto é, se não satisfazem os propósitos do sistema, os mecanismos de retroação (“feedback”) acionam determinados controles (humanos ou físicos), para reajustamento do sistema.12” Todo processo de avaliação deve de ser contínuo, e os critérios nos quais se fundamenta, fixados nos propósitos, para possibilitar a aferição da efetividade ou eficácia com que os resultados alcançados satisfazem aos propósitos do sistema. A retroação negativa (“feedback”), de um modo geral, permite conservar certas variáveis, dentro de determinados limites, constituindo o principal dispositivo a serviço da homeostasia. Representa uma retroação reguladora e conservadora da estrutura existente. Qualquer grandeza pode ser submetida ao controle se três condições forem satisfeitas. Primeiramente, necessitamos de um órgão regulador, capaz de processar as mudanças necessárias. A seguir, a grandeza a ser controlada, precisa ser mensurável, ou pelo menos comparável a um padrão, ou seja, necessita haver um dispositivo medidor. Finalmente, a regulação e a medição precisam ser suficientemente rápidas. A regulação pelo "feedback" pressupõe que o sistema tenha uma meta que será determinada pela configuração de suas variáveis internas em relação às variáveis externas. A grandeza a ser regulada pode ser desde a entrada de vapor numa caldeira até o grau de anestesia de um paciente numa operação cirúrgica. 18 Processo é a dinâmica, o funcionamento do sistema considerado, ou ainda, o conjunto de procedimentos cuja finalidade é a consecução dos propósitos ou metas de um sistema ou de cada um dos seus subsistemas constituintes. Corresponde, assim, à “fisiologia” do Sistema. Os aspectos centrais de um sistema são: Propósitos (ou goals), conteúdos e processos. Um sistema pode ser identificado a partir dos seus propósitos, ou seja, do que se pretenda realizar. Exemplificando com o caso do sistema de saúde e/ou seu subsistema de enfermagem, poderíamos afirmar que os propósitos de um sistema de saúde e/ou de enfermagem é representado pela busca de maior eficiência e eficácia na assistência integral ao paciente, à família e à comunidade.
A análise dos Propósitos é capaz de nos permitir derivar Conteúdos (componentes) essenciais que, integrados por meio de Processos, possam contribuir para a obtenção dos Propósitos.
Conteúdos de um sistema de saúde e/ou enfermagem e dos demais sistemas, seriam entre outros, recursos, teorias e procedimentos, passíveis de contribuírem, em diferentes níveis, para os Propósitos do Sistema. Um sistema de saúde ou de enfermagem reporta-se às interações e combinações entre os vários Conteúdos utilizados para atingir os seus Propósitos. Por sua vez, um sistema é constituído de subdivisões ou subsistemas, com Propósitos, conteúdos e processos próprios ou comuns ao sistema, e cujos resultados são essenciais para o propósito do sistema como um todo. Analogamente, a definição de supra-sistema (metassistema) refere-se ao contexto que englobe propósitos comuns e interdependentes de vários sistemas.
Entradas (inputs) são os elementos que entram na composição de um sistema. Conteúdos (componentes) são apenas um tipo de input. Saída (output) são os resultados. A avaliação dos resultados possibilita o controle ou reajuste do sistema, através do mecanismo cibernético de retroação (“feedback”). Um problema fundamental da ciência contemporânea é o da organização. Em princípio a teoria geral dos sistemas é capaz de dar definições exatas desse todo complexo e, nos casos adequados, submete-los à análise quantitativa. 19. Há modelos, princípios e leis aplicáveis a sistemas generalizados ou suas subclasses, qualquer que seja seu tipo particular, a natureza dos seus elementos constituintes e as relações ou forças que neles interagem.“... podemos esboçar cinco considerações básicas que o cientista julga deverem ser conservadas no espírito quando se pensa sobre o significado de um sistema”:

1) Os objetivos totais do sistema e, mais especificamente, as medidas de rendimento do sistema inteiro;

2) O ambiente do sistema: as coações fixas;

3) Os recursos do sistema;

4) Os componentes do sistema, suas atividades, finalidades e medidas de rendimento;

5) A administração do sistema. 20”

“As vantagens e características do enfoque sistêmico são”: a) Permite a análise de sistemas complexos, empregando o método científico para integrar os diversos fatores envolvidos nas decisões ou soluções. a) Postula que um sistema só pode ser estudado e entendido em suas relações. b) Enfatiza relações entre componentes dentro e fora do sistema. c) Integra subsistemas por meio de conexões funcionais, tendo em vista os objetivos finais do sistema. Analisa-os em termos de inputs e outputs, e quantifica-os sempre que possível. d) Geralmente, utiliza os seguintes passos, em seu desenvolvimento: Determinação de necessidades ou “goals” para o sistema. Determinação de prioridades, dentre os componentes, em função dos “goals”. Formulação de um modelo para relacionar elementos em função de “goals” (geralmente são modelos quantitativos). Avaliação dos elementos e seleção das combinações mais plausíveis.Implementação do modelo proposto.
Administração, controle e revisão da operação do sistema. Pesquisa, desenvolvimento e inovação contínua do sistema, em face das necessidades internas ou novos “goals” ou pressões externas21”.
O objetivo da teoria geral dos sistemas é a formulação de princípios válidos para os “sistemas” em geral, independente da natureza dos elementos componentes e das relações ou “forças” existentes entre eles. É, conseqüentemente uma ciência geral da “totalidade”.

“Os principais propósitos da teoria geral dos sistemas são”:

l. Há uma tendência geral no sentido da integração das várias ciências, naturais e sociais.

2. Esta integração parece centralizar-se numa teoria geral dos sistemas.

3. Esta teoria pode ser um importante meio para alcançar uma teoria exata nos campos não físicos da ciência.

4. Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam “verticalmente” o universo das ciências individuais, esta teoria aproxima-nos da meta da unidade da ciência.

5. Isto pode conduzir à integração muito necessária na educação científica. 22

Uma das características do Sistemismo, além enfatizar as relações entre as partes do todo, é a idéia de totalidade, estabelecendo um ponto de contato com o Gestaltismo (Teoria da Forma).

O Sistemismo guarda estreita relação de parentesco, com o Estruturalismo, de vez que, em alguns aspectos, seus conceitos e idéias interpenetram e, este modo de pensar e método de análise é empregado nas ciências desde há muito tempo, da mesma forma que o Sistemismo, também analisa sistemas e examina a estrutura, as relações e as funções dos elementos constituinte desses sistemas, mormente nas áreas de humanidades.

Todo sistema possui uma estrutura ou constituição, uma "anatomia" (dimensão estática) e um funcionamento (aspecto dinâmico), constituindo este, o seu respectivo processo, ou seja, a sua "fisiologia".

Os aspectos estruturais, morfológicos, “anatômicos” e a ênfase nas relações entre as partes constituintes do todo, contidos no Estruturalismo, sanciona a sua estreita relação de parentesco com o Sistemismo, entretanto, aquele se apresentaria com aspectos estáticos e reducionistas, em comparação com a Metodologia Sistêmica, que além de possuir os mesmos atributos, é acrescida da noção de totalidade, de abrangência, de síntese e, mercê de englobar, no seu bojo, a Cibernética e a Teoria de Informações, as quais lhe transfere suas características dinâmicas (de movimento, de processo), capazes de lhe emprestar uma maior fecundidade, tornando-a mais apta que o Estruturalismo para tratar do dinamismo, do funcionamento, da “fisiologia”, dos sistemas.

Estes três tipos comunicação poderiam ser sintetizados e traduzido, em linguagem do Sistemismo, como um processo de trocas ou intercâmbio de matéria, energia e informações entre sistemas.

Em muitos aspectos, o Gestaltismo, o Estruturalismo e o Sistemismo se aproximam, mas este se apresenta com maior amplitude, maior alcance.

Por sua vez, o caráter de movimento, de dinâmica, de funcionamento, de “fisiologia” dos sistemas, enfim, de processo, aproxima o Sistemismo do Funcionalismo.

O Funcionalismo, cujo parentesco com o Sistemismo também é notório, sobretudo por se referir às funções ou operações dos organismos vivos, correspondendo perfeitamente às características dinâmicas e funcionais dos sistemas, isto é, a sua “fisiologia”, sendo considerado por alguns autores como duas metodologias associadas e complementares e, designadas, em seu conjunto, como Sistemismo/Funcionalismo, porém, não é impróprio afirmar que o primeiro contém o segundo.

A Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo), pode ser considerada como a própria teoria da globalização, mas o Sistemismo Ecológico Cibernético, torna-se, ainda mais fecundo para visualizar e interpretar a globalização e o processo globalizante.
A idéia de dinamismo, de movimento, de processo, que o Sistemismo encerra, ainda quando considerado isoladamente, é reforçada pelo concurso da Cibernética (já que esta é considerada abarcada pela da Teoria Geral dos Sistemas), enquanto a Cibernética, por sua vez, engloba a Teoria de Informações, o que amplia, mais ainda, a TGS.

A Cibernética e a Teoria de Informações se completam mutuamente, ao tratarem de fluxos de informações e mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada uma delas, aspecto complementar e relevante do Sistemismo. Além dos conceitos de totalidade, integração, globalidade, síntese, abrangência, universalidade e de relações entre as partes do todo, que constituem apanágio da Teoria Geral dos Sistemas, mercê do parentesco com as disciplinas referidas, os conteúdos destas, não só confirmam os atributos referidos, como reforçam as idéias de estrutura, de dinamismo, de movimento, de funcionamento, de “fisiologia”, de transformação, de processo, de comunicação, de comando, de regulação, de controle, com referência à universalidade dos sistemas, sancionando a Teoria Geral dos Sistemas e a metodologia dela derivada, o Sistemismo, como a mais abrangente e holística dentre todas as existentes.

O Sistemismo constitui uma metodologia de grande potencialidade preditiva, de vez que, com a antecedência de quase meio século, ao surgir, já expressava a tendência à globalização, cujo advento e ubiqüidade representa o melhor testemunho e confirmação do potencial de previsibilidade da Teoria Geral dos Sistemas.

A globalização crescente é conseqüência lógica do desenvolvimento dos meios de transporte, de comunicação e, da informática, tendo resultado da transmissão instantânea das informações à nível planetário, com reflexos em todos os setores da sociedade, cujo processo avança a cada dia.

A globalização veio para ficar, para permanecer, por isso, teremos de assimilá-la, quer dela gostemos ou não.

O Sistemismo, estabelecido há pouco mais de meio século, previu o surgimento desta nova realidade e pretendeu representar, pelo menos, uma etapa decisiva na construção e evolução de um referencial consentâneo com as necessidades de nosso tempo.

Na era da globalização, torna-se, cada dia, mais necessário o conhecimento e a utilização do Sistemismo, a fim de melhor entender esse processo globalizante e, conseqüentemente, lutar contra seus efeitos danosos, aproveitando-se, ao mesmo tempo, suas potencialidades benéficas. A Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo), pode ser considerada como a própria teoria da globalização, sendo fecunda para visualizar e interpretar a globalização e o processo globalizante.

É de se ressaltar a impossibilidade de se considerar os elementos de uma determinada função como entidades autônomas e independentes das relações de que participam. A idéia de dinamismo, de movimento, de processo, de “fisiologia”, que o Sistemismo encerra, ainda quando considerado isoladamente, é reforçada pelo concurso da Cibernética (enquanto integrante da Teoria Geral dos Sistemas) e, por sua vez, pela Teoria de Informações (porque integrante da Cibernética).

A Cibernética e a Teoria de Informações se completam mutuamente, ao tratarem de fluxos de informações e de mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada uma destas ciências, aspecto relevantes do Sistemismo.

Além dos conceitos de totalidade, integração, globalidade, síntese, abrangência, universalidade e de relações entre as partes do todo, que constituem apanágio da Teoria Geral dos Sistemas, mercê do parentesco com as disciplinas referidas, os conteúdos destas, não só confirmam os atributos supra referidos, como reforçam as idéias de estrutura, de dinamismo,de movimento, de funcionamento, de “fisiologia”, de transformação, de processo, de comunicação, de comando, de regulação, de controle, com referência à universalidade dos sistemas, sancionando a Teoria Geral dos Sistemas e a metodologia dela derivada, o Sistemismo, como uma das mais abrangentes e holísticaa, dentre todas as existentes.

O Sistemismo se constituía numa metodologia de grande potencialidade preditiva, de vez que, com a antecedência de quase meio século, ao surgir, já expressava a tendência à globalização, cujo advento e ubiqüidade representa o melhor testemunho e confirmação do potencial de previsibilidade da Teoria Geral dos Sistemas e, não seria exagero afirmar que ela nasceu, mesmo, em razão desta tendência, detectada pelo seu autor.

O Sistemismo que inclui, no seu bojo, a Cibernética e a Teoria de Informações, agora, corresponder a um referencial adequado para se abordar, além do próprio universo e do sistema planetário, os sistemas tecnológicos e sistemas sociais, econômicos, educacionais e outros cuja abrangência ou repercussão tem dimensão terráquea ou, mesmo aqueles que, tendo amplitude local ou regional, não deixa de ter, como seu ambiente o próprio planeta.

Com base no exposto, formulamos o Princípio abaixo descrito: 2 - Princípio do Universo Sistêmico A Teoria Geral dos Sistemas, através de seu conceito de organização sistêmica dos seres vivos (Sistema Biológico), dos seres brutos (Sistema Físico), das associações humanas (Sistema Social) e dos instrumentos (Sistema Tecnológico) postula a idéia da existência de um universo sistêmico, um dos alicerces fundamentais do Sistemismo Ecológico Cibernético.

Este princípio se baseia na abrangência da Teoria Geral dos Sistemas, capaz de abarcar, no seu bojo, o nosso sistema planetário ou o próprio universo inteiro e, cujo grande poder de síntese permite relacionar, como já nos referimos antes, tudo que nele existe em apenas, quatro linhas de sistema: - um sistema físico que vai do átomo ao universo físico; - um sistema biológico - compreendendo desde o vírus até ao próprio homem; - um sistema social - a partir da família até alcançar a sociedade planetária; - um sistema tecnológico - iniciando com a flecha (ou outro instrumento, ainda mais primitivo), para se chegar ao computador, ou mesmo, aos complexos engenhos espaciais.

REFERENCIAS BIBILOGRÁFICAS

1- BERTALANFFY, L. von - Teoria Geral dos Sistemas - Petrópolis - Ed. Vozes - l973.

2- CHAVES, M.M. - Saúde e Sistemas - RJ - Fundação Getúlio Vargas, l972 p.2.

3- JOHNSON, R.A,, Kast, F.E., ROSENWEIG, J.E. - The theory and management of sistems, International Student Edition - New York - Mc Graw-Hill, l963, - in Chaves, M.M. - op cit (2) p. 4.

4- UNGER, R.M. - O Estruturalismo e o Futuro das Ciências Culturais - in Estruturalismo - 2a. ed. Tempo Brasileiro - Revista de Cultura 15/16, p. 90/95.

5- TH & TH in BERTALANFFY - Ibid. op cit (1).

6- Ibid (4) p.3-4.

7- HALL, A. D. & FAGEN, R. E. apud OZBEKHAN, HAZAN. Perspectives of Planing. Erich Jantsch Ed. Organization for Economic Cooperation and Development. Paris, l969, p. 53 in Chaves, M.M. - op cit (2).

8- CÉSARMAN, E. - Hombre y entropía - Editorial Pax-México S/A .- Primera edición - México D.F.- Febrero de 1974, p, 275.

9- Ibid op cit (4).

10- Ibid op cit (8). p.274.

11- ALLPORT, F.H. apud OZBKHAN, HAZAN - in CHAVES, M.M - op cit (2), p. 4.

12- Ibid op cit (2), p. 4-5.

13- Ibid op cit (4).

14- Ibid op cit (4).

15- MACIEL, J. - Elementos de Teoria Geral dos Sistemas - Petrópolis - Ed. Vozes - 1974 - p. 21.

16- Ibid. (op cit (1), p. 35-36.

17- Ibid. op cit (6).

18- Ibidem.

19- Ibid. op cit. (l) p. 35-36.

20- CHURCHMAN, C. V. - Introdução à Teoria dos Sistemas. Trad. de Francisco M. Guimarães - Ed. Vozes Petrópolis, l972. p. 51.

21- OLIVEIRA, E.J.B.A & OLIVEIRA, E.M.R. - Tecnologia Instrumental - Ed. São Paulo - Livraria Pioneira, l974 p. 11.

22- Ibid op cit (l) p. 62.

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